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Uma realeza terrestre (ESE Cap. 2, item 8)

ITEM 8. UMA REALEZA TERRESTRE

O exemplo dado por este Espírito que havia vivido como rainha na França nos deixa profundamente marcada a questão da posição espiritual de cada um em comparação com a posição social, na terra.

A visão que se abre

Suas palavras de abertura na mensagem resumem a razão de vir deixar sua contribuição para reflexão dos encarnados: Quem melhor do que eu pode compreender a verdade destas palavras de nosso Senhor: “O meu reino não é deste mundo”?
 
Ela confirma que, no mundo espiritual, os valores que nos qualificam, são exatamente aqueles que Jesus traz como base dos ensinos morais em toda sua missão: a humildade e a caridade.
 
Afirma por esta razão que, enquanto encarnada, havia se perdido em meio ao orgulho incendiado pela posição de autoridade, que podemos inferir, utilizada para privilégios e satisfações do interesse pessoal.
 
Conseguiremos imaginar o choque de realidade recebido ao reentrar no mundo espiritual?
 
Eis como o ponto de vista da vida espiritual pode auxiliar-nos a conduzirmos melhor nossa existência, orientando-a com prioridade pelos interesses espirituais em comparação aos materiais, que embora tenham sua importância, não estão acima da alma.

A história de um velório

Divaldo Franco certa vez relatou o caso de uma mulher que se não era rica, era a de maiores posses na cidade onde morava.

Como um último ato de orgulho, na tentativa de mostrar sua importância e riquezas, ordenou que quando morresse seu cortejo fosse realizado na mais alta pompa. 

De fato, assim aconteceu.

Tudo foi preparado para que o translado do corpo fosse feito sobre os braços fortes de algumas pessoas.

No esquife, o brilho dos metais preciosos não deixava de serem percebido.

O Espírito orgulhoso da mulher desencarnada acompanhou tudo de cima do caixão, cheia de alegria e orgulho de como tudo foi executado para mostrar sua grandeza na sociedade.

Ela desejava ser carregada. E foi.

Queria mostrar sua riqueza em todos os detalhes do funeral. E conseguiu.

No entanto, ao chegara no cemitério, para sua surpresa, ninguém do mundo espiritual estava lá para recebê-la com as considerações que se achava possuidora.

Baixaram o caixão à cova e todos retornaram aos seus lares.

Ninguém sequer se interessou em demorar-se em um pensamento amigo ou uma prece sincera em seu favor.

Seu último ato de orgulho foi obedecido para que todos lembrassem de suas riquezas. E então, após isso, ela foi esquecida.

A partir dali ela teve que ir andando, sozinha, procurando uma luz, algo que lhe orientasse na nova fase de sua existência.

Acreditava que por ser rica na sociedade, objeto de deferências como normalmente acontece, seria também tratada assim após a morte. Como a Rainha de França, também ela havia se perdido em si mesmo, iludida pelo orgulho da riqueza e posição social.

Como Jesus nos ensinou: os valores no reino dos céus são outros.


Quem está abaixo na terra, pode estar acima no céu

“Grande desilusão! Que humilhação, quando, em vez de ser recebida aqui qual soberana, vi acima de mim, mas muito acima, homens que eu julgava insignificantes e aos quais desprezava, por não terem sangue nobre!”

Amigos relatam que certo dia quando voltavam dos trabalhos no Centro Espírita que serviam, Chico observou que um homem na esquina revirava o lixo em busca de algo para se alimentar.

Com gentileza e carinho, pediu licença ao grupo para ir até o estranho.

Ele se encaminhou até lá e o cumprimentou carinhosamente, beijando-lhe as mãos.

Ao retornar aos seus amigos, lhes disse, mais ou manos assim:

- Vejam como são as coisas! A luz daquele homem está iluminando todo o quarteirão. É a última vez que este Espírito vai encarnar aqui na Terra.


Quando um gesto pode mudar uma vida: a história de um pão

No livro O Espírito da Verdade, no capítulo 81, é contada como uma atitude sincera pode mudara para sempre a vida de alguém:

Quando Barsabás, o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde reintegrar- se no grande palácio que lhe servira de residência.

A viúva, alegando infinita mágoa, desfizera- se da moradia, vendendo-Ihe os adornos.

Viu ele, então, baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, joias e relíquias, sob o martelo do leiloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal, disputando a melhor parte da herança.

Ninguém lhe lembrava o nome, desde que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos.

E porque na memória de semelhantes amigos ele não passava, agora, de sombra, tentou o interesse afetivo de companheiros outros da infância...

Todavia, entre eles encontrou simplesmente a recordação dos próprios atos de malquerença e de usura.

Barsabás, entregou- se as lágrimas de tal modo, que a sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando- o nas trevas.

Vagueou por muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a pedir na oração, e, como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue a cegueira e ele vê, diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes.

Milhões de estrelas e pétalas fulgurantes povoavam-no em todas as direções.

Barsabás, sem perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do firmamento.

Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o Ministro espiritual que velava no pórtico.

Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico falou sereno:

- Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão que subiu da Terra ...

- Ai de mim - soluçou o desventurado - eu jamais fiz o bem...

- Em verdade - prosseguiu a informante - , trazes contigo, em grandes sinais, a pranto e a sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos que despojaste, nos teus dias de invigilância e de crueldade. Entretanto, tens aqui, em teu crédito, uma oração de louvor...

E apontou-lhe acanhada estrela, que brilhava a feição de pequenino disco solar.

- Há trinta e dois anos - disse, ainda, o instrutor -, deste um pão a uma criança e essa criança te agradeceu, em prece ao Senhor da Vida.

Chorando de alegria e consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou:

- Jonakim, o enjeitado?

- Sim, ele mesmo - confirmou a missionário divino. - Segue a claridade do pão que deste, um dia, por amor, e livrar-te-ás, em definitivo, do sofrimento nas trevas.

E Barsabás acompanhou a tênue raio do tênue fulgor que se desprendia daquela gota estelar, mas, em vez de elevar- se as Alturas, encontrou- se numa carpintaria humilde da própria Terra.

Um homem calejado aí refletia, manobrando a enxó em pesado lenho...

Era Jonakim, aos quarenta de idade.

Como se estivessem as dois identificados no doce fio de luz, Barsabás abraçou- se a ele, qual viajante abatido, de volta ao calor do lar...

Decorrido um ano, Jonakim, a carpinteiro, ostentava, sorridente, nos braços, mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis.

Com a benção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro, conquistara Barsabás, nas Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se.


Para se granjear um lugar neste reino, são necessárias a abnegação, a humildade, a caridade em toda a sua celeste prática, a benevolência para com todos. Não se vos pergunta o que fostes, nem que posição ocupastes, mas que bem fizestes, quantas lágrimas enxugastes.

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